terça-feira, agosto 04, 2009

Nosso papai querido


Depois que comecei esse diário virtual, venho dias a fio, tentando escrever algo sobre o papai. Confesso que está difícil, porém, o dia dos pais está aí, e não quero que esse dia passe em branco, pelo menos aqui no diário. Tentarei escrever como homenagem a ele, que foi e será sempre o meu papai querido.

Depois de um ano que o Senhor recolheu a minha irmã Núbia, o nosso pai apareceu com um adenocarcinoma de laringe ( ca de língua), devido 58 anos fumando 60 cigarros/dia e alguns anos bebendo. E aquela tão sofrida luta reiniciara... Minhas irmãs, meu esposo, amigos e chefia do Beneficência, devem lembrar a minha correria, São Paulo/ Goiás, Goiás/São Paulo. Foi cansativo demais! Pensei que não daria conta! Até que um dia, o papai resolveu vir para São Paulo e consegui o tratamento oncológico pra ele. Era muito teimoso, nordestino da gema, o mais velho dos irmãos, tinha sua própria autonomia, era um senhor muito cheio de hábitos e costumes, super-vaidoso, se achava o gostosão, rsrsrs, amava cremes, perfumes, gel, celular, era muito engraçado, carinhoso, trabalhador e tinha também o seu lado ríspido, cheio de vontades próprias, pra ele ninguém sabia nada, dizia sempre que o pessoal do hospital não entendia nada...hilário, não? E com todo o tratamento feito contra o câncer, o tumor diminuiu, mas ele não quis operar e aquilo voltou de uma forma muito agressiva e não pôde mais fazer tratamento nem cirurgia. E resolveu ir para Crixás/GO, cidade onde morava e lá aumentou a dificuldade para ingerir, falar, caminhar, teve um quadro de piora muito rápido, mais ou menos 3 meses ( bastante tempo para um ser humano mais jovem, mas ele suportou bem, pois era muito forte), e a nossa madrasta Maria, tadinha, sempre do lado dele, cuidando, sofrendo, na esperança que o papai melhorasse e continuassem aquela vidinha pacata que eles tinham há 28 anos juntos. Infelizmente ou felizmente o papai foi embora, descansou daquele sofrimento, que só nós que estávamos perto dele, nos seus últimos dias de vida, pudemos observar. Quando o vimos no hospital lá em Crixás, achávamos que seria outro homem, de tão esquelético, tão sofrido. Pensei: Esse não é o papai!!! Homem forte, corajoso, cheio de vida. Agora acabadinho, sem forças, fraquinho...Como foi difícil pra nós, esposa, filhas e irmãos. Dentro de 1 ano e meio, o papai passou por tudo e faleceu. Deixou alguns exemplos, de ser um cidadão competente, responsável, organizadíssimo. Tinha palavra de homem, sempre deixava isso bem claro. Não fomos criadas por ele, morávamos no Nordeste quando mais novas, e muito pouco convivemos e aprendemos com ele, mas o pouco que aprendemos e vemos hoje, é que cada uma de nós tem um pouquinho do papai. Ele sempre falava pra todo mundo que nós parecíamos com ele, porque ele era bonitão, rsrsrsrs.

E agora, vamos passar o 1º dia dos Pais, sem o nosso pai. Sensação estranha e que ao longo do tempo, teremos que nos acostumar com isso, com a sua ausência. Se não fosse o maldito vício do cigarro, certamente passaríamos muitos e muitos anos, felizes, sabendo que mesmo noutro estado, o papai estaria a nos esperar. Deus foi muito generoso, em todos os momentos. Nos direcionou, colocou anjos no nosso caminho, profissionais muito bons, e nós filhas, esposa e genros, fizemos o que estava ao nosso alcance, para que o papai tivesse uma sobre-vida tranquila. E tudo foi da maneira que tinha que ser. Ele passou por tudo isso, mas também nunca brigou com Deus. Ele sempre me dizia : O nosso Senhor sabe até onde eu posso ir. Tenho certeza que o papai, ao longo desse tempo árduo, teve um encontro real com Deus e foi em paz. Quem sabe, encontrar-se com a nossa querida irmã Núbia, além do Rio Azul...

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